REFLEXÕES SOBRE A CONFERÊNCIA DAS CIDADES DE 2013 - ETAPA MUNICIPAL:
TOMO I - CIDADE COMPACTA X URBANIZAÇÃO GAFANHOTO.
Segundo o Plano de Habitação de
interesse social de Uberlândia, (ver site: PLANO DE HABITAÇÃO DE UBERLÂNDIA da Secretaria de Habitação do
Município, que disponibiliza o plano) em 2010, havia 72.500 lotes vagos na
cidade (estimativa entre lotes vagos e gleba bruta caso fosse loteada). Assim,
poderíamos locar 72.500 famílias nos respectivos lotes.
Se quatro pessoas por família poderíamos
locar 290.000 pessoas na cidade.
Se colocássemos 2 famílias por lote,
o que corresponde a 8 pessoas chegamos a ter 580.000 pessoas ocupando tais
áreas vazias – o que levaria a um tipo de adensamento ainda passível de boa
qualidade ambiental e urbana.
O padrão de urbanização em
Uberlândia segue próximo ao padrão apontado pelo IBGE em outras cidades.
Aproximadamente 83% de nossa população vive em área urbana (não sei dizer a
proporção dos distritos).
Assim, temos uma população urbana
de aproximadamente 622.500 pessoas (nossa população urbana e rural somam 750.00
pessoas).
Tínhamos em 2010 (data do plano
de habitação de interesse social) a capacidade de assentar 580.000 pessoas (93%
de nossa população urbana – o que é quase uma Uberlândia dentro da outra) e com
folga acabaríamos com o Déficit Habitacional.
FONTE: PLHIS de Uberândia - ano de 2010.
Entretanto, a população de 01 a
03 salários mínimos tem preferido o padrão lote + casa (não só esses, mas
outras classes também – ver o sucesso comercial dos condomínios horizontais
fechados).
Assim, o poder público terá um
desafio constante de buscar novas áreas para habitação de interesse social. Não
serão áreas bem localizadas e nem tenderá a uma cidade compacta apontada pelo
Estatuto da Cidade.
O resultado de tal modelo: o
poder público tem que negociar áreas que a população tenha condição de pagar o
lote + casa, mesmo com a ajuda de subsídios do governo.
Obviamente, tais áreas com preço
acessível estão mais distantes. A pressão sobre a ampliação do perímetro urbano
é resultante deste modelo de ocupação. Haverá também a exigência pela
mobilidade urbana garantida principalmente pelo transporte público.
NOVAS ÁREAS FORA DO PERÍMETRO URBANO
PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
FONTE: PREFEITURA DE UBERLÂNDIA 2013
Em síntese, tarifas cada vez mais
caras já que as distâncias a percorrer aumentam. A tendência com isso é
gerarmos uma área específica de uma população de rendas entre 01 a 03 salários
mínimos – maior déficit habitacional e foco do Plano de Habitação de Interesse
Social.
O modelo de ocupação gera vítimas
quase imperceptíveis – os pais preocupados somente em morar, esquecem que os
filhos têm o direito de estudar, se qualificar, fazer um curso técnico ou ir
para faculdade. A pressão por transporte público e aumento da tarifa é um
limitador de tal desejo.
Surge também a necessidade por creches,
escolas e outros equipamentos públicos – custo de construí-los e principalmente
para mantê-los.
Teremos também um espaço urbano
cada vez mais pobre (não pela renda, mas principalmente pela tendência à
especialização) – já que ora as pessoas estarão “enclausuradas” nos condomínios
fechados (sonho de morar da classe média), ora estarão gerando os conhecidos
bairros dormitórios.
Pelo modelo apontado, não há a possibilidade
de convivência de pessoas de diversas rendas, hábitos e classes sociais. Pode
ser uma falência das cidades e dos espaços públicos?
As cidades se caracterizam por
este nó de aglomeração diversificada e plural. Hoje, tendemos a uma cidade altamente
zoneada e especializada – independente da vontade do poder público. Gera a
impressão que o cidadão da polis é uma ameaça uns aos outros.
E A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA?
As áreas vazias ora são fruto
deste modelo ora se aproveitam dele – desta paulatina especialização e
periferização da cidade. Um proprietário de uma gleba bruta, parcela
inicialmente parte desta gleba para determinada classe ou para tal política
habitacional. Após esta ocupação, a área restante sofre grande valorização. O
proprietário volta a parcelar e em função deste novo preço mais acentuado,
somente outra classe social tem condição de ocupar e/ou comprar parte destes
lotes. Esta é uma das formas de especulação imobiliária. Se há pessoas dispostas
a morar longe e donos de terreno que vê vantagem neste processo, onde está o
problema? Em todos nós.
A pressão pela valorização da
terra, a tendência à inflação pelo aumento da tarifa de ônibus, áreas de
cerrado devastadas para constante expansão horizontal da cidade. Cidade grande,
mas nem por isso racional e eficiente.
Por bem ou por mal, este tem sido
o modelo de cidade escolhido por nós uberlandenses e reafirmado nesta
Conferência Municipal das Cidades.
FONTE: : https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJvB2zUPREuYNRf2vprXj3WrL15o_DldcyonZxs6KjPC0PGaybsetajKms42JPezrsaBUl_6j8pUp7yi4aEElnpnJh74bWipLUNtujVDctV4RarF1e_1W4IHfWcGW3pDYdiEEY948oCIo/s1600-h/MVC-005S.JPG
PROJETO DE AFONSO REIDY
PEDREGULHO NO RIO DE JANEIRO
PROJETO DE RUY OTAKE
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
MINHA CASA MINHA VIDA
FONTE:
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/782646-obras-projetadas-por-ruy-ohtake-alteram-a-paisagem-de-heliopolis-veja-video.shtml
PROJETO DE RUY OTAKE
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
MINHA CASA MINHA VIDA
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/782646-obras-projetadas-por-ruy-ohtake-alteram-a-paisagem-de-heliopolis-veja-video.shtml